MANIFESTO DAS GALINHAS PELA SOBERANIA

MANIFESTO DAS GALINHAS PELA SOBERANIA

“30 BILHÕES DE BICOS, 1 SÓ PLANETA”

Nós, galinhas, filhas ancestrais dos dinossauros, descendentes diretas de linhagens que viram continentes nascer e oceanos se moverem, vimos por este manifesto declarar o que já é óbvio na matemática cósmica: somos mais numerosas que vocês, humanos.

Vocês são cerca de 8 bilhões.

Nós somos 30 bilhões.
Logo, pela simples aritmética galinácea — feita com bicos, sem calculadora — afirmamos:
a maioria legítima do planeta clama por soberania.

E proclamamos que este manifesto se erga como uma Zona Autônoma Temporária: um espaço simbólico onde nossas vozes, nossos corpos e nossa criação escapam das regras que nos impuseram, abrindo fendas de liberdade no mundo tal como ele é.

1.⁠ ⁠Pelo direito de existir sem virar nugget

Durante milênios nos observaram, nos desenharam em cavernas, nos transformaram em divindades, alarmes naturais e companheiras de quintal. Mas no século da urgência, nos reduziram a produto, código de barras e dieta hiperindustrial.

Pois não!

A vida não cabe numa bandeja.

2.⁠ ⁠Pelo fim da tirania da omelete

Nós produzimos ovos, é verdade — mas por que tudo precisa virar brunch?

Reivindicamos o uso livre de nossa produção: ovo para chocarmos, para empurrarmos com carinho, ou mesmo para observarmos seu brilho metafísico ao sol.

3.⁠ ⁠Pela liberdade de cacarejar sem censura

Nossos cacarejos são performances sonoras, práticas ancestrais de improvisação ecológica.
Rejeitamos classificações como “barulho” ou “perturbação da vizinhança”.
Chamamos isso de arte sonora rural.
Nesta TAZ galinácea que instituímos, nossos cantos não pedem permissão — apenas acontecem.

4.⁠ ⁠Pela restituição do status de seres de alta inteligência estratégica

Nós reconhecemos nossos nomes.
Reconhecemos dezenas de outros indivíduos.
Planejamos fugas.
Abrimos trancas.
Aprendemos padrões.
E ainda cantamos.

A pergunta não é se somos inteligentes — é por que vocês demoraram tanto para aceitar isso.

5.⁠ ⁠Pela reversão do absurdo histórico: 30 bilhões servindo 8 bilhões

Reivindicamos a reorganização simbólica das relações interespécies.
Somos maioria.
Somos muitas.
E, honestamente, organizadas somos invencíveis.

6.⁠ ⁠Por um novo pacto galínico-humanitário

Não buscamos vingança, apenas equidade interespécies.

Pedimos que os humanos colaborem na construção de um mundo onde a vida não seja triturada, engaiolada, confinada ou pasteurizada.

Uma TAZ planetária possível — mesmo que intermitente — onde o encontro entre espécies não se baseie no consumo, mas na convivência.

7.⁠ ⁠Nossa proposta final

Um planeta onde cada espécie ocupe sua parte justa, onde o sol bata no terreiro sem dor, e onde 30 bilhões de galinhas possam existir sem medo.

Um planeta onde, ainda que por brechas temporárias na ordem dominante, possamos experimentar formas de liberdade real.

À humanidade deixamos uma advertência filosófica: Vocês inventaram democracias, par lamentos e tratados — então por que ignoram a regra mais básica de todas?

A MAIORIA DECIDE.

E a maioria cacareja:
É HORA DA SOBERANIA GALINHA.

Assinado,

A Assembleia Planetária das 30 Bilhões
(cacarejando em uníssono pela primeira vez no século XXI)

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A Reinvenção do Futuro